 Denise Brambilla , reconhecida pelos colegas e pelas sucessivas administrações do Ministério do Trabalho |
Paixão pela aprendizagem - Quem conversa com a auditora-fiscal Denise Natalina Brambilla González, 61 anos, imagina que ela está contando os dias e horas para deixar para trás a sua já longa atuação no Ministério do Trabalho. Mulher, esposa, mãe, com mais de 40 anos dedicados ao serviço público, nada mais natural, chegou - enfim - a hora de descansar. Nada mais falso. Denise esbanja a energia de quem está começando na profissão, sonha em convencer o empresariado gaúcho a ocupar todas as vagas existentes para jovens aprendizes e nem pensa, nem mesmo nas piores horas, em se aposentar, fazer tricô ou ficar vendo televisão sem nada a fazer.
"Sou apaixonada pelo que faço e acredito que abrir as portas para os jovens em situação de vulnerabilidade é um sacerdócio. Nada se compara a alegria de ver um jovem dando seus primeiros passos", afirma a auditora-fiscal.
A atuação de Denise, reconhecida pelos colegas e pelas sucessivas administrações do Ministério do Trabalho, fizeram com que ela seja coordenadora informal de Aprendizagem no Estado, depois de ter ocupado a titularidade da função, que não existe oficialmente mais, durante muitos anos. Lotada em Caxias do Sul, onde fez quase toda a carreira, a auditora fiscal se orgulha de ter transformado o município, ao lado de outros colegas, em uma referência no Rio Grande do Sul: a terra da uva e do vinho é, hoje, a localidade com maior número de jovens aprendizes no Estado.
"Nossa função, de fiscalização, é um sacerdócio. Mas não exerci e exerço essa atividade sem o apoio de colegas, principalmente da Agitra, a quem reputo todo o empuxo na defesa da atividade, na valorização da nossa carreira e na necessidade de a sociedade conhecer e valorizar a fiscalização", diz. Ela lembra que, quando iniciou na profissão, em 1978, o discurso da entidade era de que precisávamos buscar a paz social com a harmonia entre o capital e o trabalho. "Passados tantos anos, a luta continua a mesma", garante, destacando que a visão que Getúlio Vargas teve, em 1943, quando percebeu que o país saia do campo e iria se industrializar e, por isso, precisava treinar seus jovens, ainda é válida. "Hoje há estrutura, base legal, mas sem a fiscalização os números de jovens aprendizes ficariam raquíticos, sem expressão."
Denise apresenta números para confirmar a necessidade de atuação: no Rio Grande do Sul, hoje, há possibilidade de existirem 95 mil jovens aprendizes. Há, no entanto, apenas 35 mil jovens ocupando estas vagas. "Nossa luta precisa continuar e o convencimento e a lei são os nossos argumentos. Até porque a política de aprendizagem pode e consegue diminuir os índices de violência", lembra a auditora fiscal, que garante: não volta tão sendo para casa. E, por enquanto, aposentadoria, nem pensar.