Por Antonio Temoteo
Saldo positivo foi puxado pelo setor de serviços; ministro do Trabalho diz que governo reforçará fiscalização trabalhista para combater fraudes, mas evitou definir meta para geração de empregos em 2023
BRASÍLIA – O Brasil gerou 2,03 milhões de empregos com carteira assinada em 2022, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho, divulgados nesta terça-feria, 31. O número representa uma queda de 26,6% em relação ao observado no ano anterior, quando 2,77 milhões de vagas foram criadas. No ano passado, foram registradas 22,6 milhões de contratações e 20,6 milhões de demissões.
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A comparação com anos anteriores a 2020 – quando foram fechadas 192 mil vagas em decorrência do auge da pandemia – não é mais adequada, porque o governo mudou a metodologia do Caged.
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Em dezembro de 2022, foram fechados 431.011 postos formais, ante criação de 130.545 vagas em novembro (dado revisado nesta terça).
Setores
O saldo positivo de vagas com carteira assinada em 2022 foi puxado pelo desempenho do setor de serviços, com a criação de 1.176.502 postos formais, seguido pelo comércio, que abriu 350.110 vagas. Na indústria, houve a criação de 251.868 vagas, enquanto a construção civil abriu 194.444 postos. Na agropecuária, foram abertas 65.062 vagas em 2022.
No ano passado, em todas as 27 unidades da Federação contrataram mais do que demitiram no mercado formal. O melhor desempenho foi novamente registrado em São Paulo, com a abertura de 560.986 postos de trabalho.
O salário médio de admissão nos empregos com carteira assinada chegou a R$ 1.944,17 em 2022. Comparado ao ano anterior, houve redução real (descontada a inflação) de R$ 90,99.
A comparação dos números com anos anteriores a 2020 (quando foram fechadas 192 mil vagas em decorrência da pandemia) não é mais adequada porque o governo mudou a metodologia.
Fiscalização trabalhista
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que o governo reforçará a fiscalização trabalhista nas empresas para combater fraudes nas contrações. Segundo ele, trabalhadores que deveriam ter carteira assinada estão sendo contratados em regime de pessoa jurídica ou por meio do programa microempreendedor individual.
“Vamos colocar os fiscais na rua para fiscalizar as empresas e formalizar os trabalhadores. Vamos fortalecer a formalização do trabalho, a fiscalização e a negociação coletiva”, disse.
Projeções para 2023
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Marinho evitou definir uma meta para geração de empregos em 2023, mas declarou que pretende perseguir um crescimento do trabalho formal no Brasil ano a ano. “Estamos buscando compreender o que está acontecendo com o mercado de trabalho. Dezembro é um mês costumeiramente de más notícias do ponto de vista da geração de emprego”, disse.
Segundo o subsecretário de Estudo e Estatísticas substituto do Ministério do Trabalho, Felipe Pateo, durante 2022, houve uma alta tanto dos desligamentos e como das admissões em relação a 2021, o que aponta uma maior rotatividade do mercado formal.
Economistas avaliam que, neste ano, a criação de postos com carteira assinada deve perder força. “Nos meses finais de 2022, já vínhamos observando um começo de perda de fôlego do saldo de vagas”, afirma. “Caso a perda de fôlego da atividade fique mais evidente, veremos uma desaceleração clara do Caged”, diz o economista, que projeta saldo de 1,3 milhão de postos em 2023.
“Praticamente metade do acumulado do Caged em 2022 veio de serviços, muito em função da recuperação desse segmento verificada ao longo do ano”, afirma Takeda.
Já a XP Investimentos projeta que a geração de vagas recue para 800 mil. “Projetamos que o mercado de trabalho brasileiro continuará em rota de desaceleração. Os dados do Caged sustentam nossa visão de atividade econômica estagnada no quarto trimestre de 2022?, avalia o economista da XP Rodolfo Margato./COLABOROU ÍTALO BERTÃO FILHO