Marina Hirota
Por que o tema é importante?
A questão da crise climática é importante para o Brasil por dois motivos:
Pela maneira como nós sentimos seus efeitos através da intensidade de eventos extremos. Há mudança nos padrões de chuva e temperatura ao longo do ano, resultando em calor e frio, secas e temporais mais intensos, com grande impacto socioeconômico.
Pelo que podemos fazer para aumentar ou diminuir a crise. O Brasil tem metas ambiciosas para 2030, que é zerar o desmatamento, e para 2050, que é neutralizar o carbono, igualando emissão e absorção. No entanto, dados do Observatório do Clima mostram que, em 2020, o desmatamento cresceu 9,5%, e aumentamos em 14% as emissões. No total, 73% das emissões, no mesmo ano, estavam associadas ao desmatamento e à degradação no uso da terra.
O que um governante pode fazer?
Deve focar nas metas assumidas e estabelecer desde já uma agenda que incorpore os objetivos estabelecidos no Acordo de Paris. Para isso, é preciso investir em monitoramento, fiscalização e punição de atividades ilegais, ou seja, grilagem de terra, que é fato central no desmatamento e na degradação para uso da terra.
Sabemos que as áreas onde vivem as comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas e ribeirinhos, emitem menos carbono, pois desmatam e degradam menos a terra. Se aumentarmos a designação, dando posse legal a essas comunidades que ajudam a manter a floresta em pé, diminuiremos o desmatamento e a emissão de carbono. O desmatamento deve parar agora, não podemos esperar 2030 ou 2050.
Marina Hirota é professora do Departamento de Física da Universidade Federal de Santa Catarina, pesquisadora afiliada do Brazil LAB da Universidade de Princeton e atualmente pesquisadora visitante no Geophysical Fluid Dynamics Laboratory.