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Tente viver com a parte de sua alma que compreende a eternidade, que não tem medo da morte e esta parte da sua alma é amor.
Leon Tolstoi
06/05/2022

Humanidades e artes são condições essenciais para a formação da liderança

As artes mexem com as emoções e alavancam o aprendizado; certamente, não trazem respostas diretas aos problemas de gestão empresarial, mas permitem visão mais abrangente das situações

Marisa Eboli

Muito falamos sobre educação a distância, tecnologias exponenciais e transformação digital. E por boas razões, pois tudo isso veio para ficar em nossas vidas. Porém, tais assuntos aumentam a importância de também colocarmos no radar as Humanidades, incluindo-se aí a filosofia, as artes em geral, a literatura, a música, o cinema, a dança etc.

O que chamamos de Humanidades é esse repertório das experiências e das reflexões dos gigantes, de todas as áreas, que nos precederam ou com os quais convivemos. No cotidiano da vida executiva, uma boa parte dos assuntos tratados não estão nos livros-texto de gestão, mas na grande literatura. A vida pulsa na Odisseia de Homero, em Shakespeare, em Cervantes, em Saramago, em Neruda, em García Márquez, em Vargas Llosa, em Eça de Queiroz, em Machado de Assis, em Drummond, em Nelson Rodrigues, em Rachel de Queiroz e em Lygia Fagundes Telles.

Impossível não se emocionar só de mencioná-los. E impossível citar todos os que compõem esse universo extraordinário da literatura. Como bem disse René Descartes: “A leitura de bons livros é como ter uma conversa com os homens mais ilustres dos séculos passados, ou seja, os seus autores.”

Nas decisões do mundo corporativo, tanto conta o conhecimento técnico que as lideranças aprenderam na faculdade como o que dizem os clássicos da literatura. Foto: Susan Q Yin/Unsplash

Certamente eles não trazem diretamente respostas aos nossos problemas de gestão empresarial. Mas permitem-nos um distanciamento do cotidiano, assim obtendo uma visão muito mais abrangente da situação.

Nas grandes e pequenas decisões do mundo corporativo, tanto conta o conhecimento técnico que as lideranças aprenderam na faculdade como o que dizem os clássicos da literatura. Lá estão todos os dramas humanos, toda a nobreza de uns e a canalhice de outros. As fraquezas estão presentes, a inveja, a mentira, a intriga, a pequenez, a arrogância, a ânsia de poder, as dúvidas, os riscos. E as atitudes edificantes e exemplares também. Não há tropeço ético ou ato de coragem que não esteja em algum livro imperecível.

Para fazer um contraponto em relação às questões tecnológicas, tão enfatizadas atualmente na educação corporativa, neste ano, na abertura da 3ª turma do curso de pós-graduação em Gestão da Educação Corporativa, da FIA, realizou-se um painel sobre o tema “Humanidades, Filosofia, Artes e a Educação do Futuro”, trazendo reflexões importantes dos professores e especialistas Alessandro Bigheto, pedagogo, filósofo e professor da FIA Business School; Carlos Netto, ex-diretor de Gestão de Pessoas e Estratégia do Banco do Brasil e autor do livro A Arte nos Sonha; e Sérgio Rizzo, jornalista, professor e diretor associado da Deusdará Filmes. Todos três sob a coordenação de José Luiz Goldfarb, professor de História da Ciência na PUC-SP, consultor de programação no MIS-SP e diretor de Cultura Judaica na Hebraica-SP. Um quarteto que esbanja cultura.

Um dos pontos destacados por Carlos Netto foi o de que a arte é repertório e não existe liderança sem repertório. Devemos usar o repertório como centro de debate na formação de pessoas. Com ricos exemplos de músicos clássicos ele entrelaça música, formação, carreira, autoconhecimento, Netto elenca casos da utilização da arte na construção da consciência e no desenvolvimento do espírito crítico utilizado nas empresas. Por exemplo, o mito do labirinto e a criação, de Michelangelo. Também destaca a necessidade de entender a referência do outro para desenvolver um bom diálogo. Para ele, a arte é uma grande referência de vida, importante na construção do diálogo consigo mesmo, com o outro e com a sociedade na qual vivemos.

Alessandro diz que a arte tem um potencial gigantesco de fomentar a educação, do início ao fim, mas que a maioria das escolas incluem no currículo apenas uma aula de educação artística por semana. “Não vivenciamos a arte, infelizmente. Artes e humanidades devem ser trabalhadas de forma integral, com profundidade, não apenas com ações pontuais”, sentenciou. E continua: “Nós aprendemos a realidade pela razão, mas acima de tudo pela emoção. A sociedade ocidental valorizou demais a razão e esqueceu que a emoção também é essencial, e isso é refletido no nosso sistema educacional”. Em seu trabalho junto aos alunos de graduação em administração da FIA Business School procura tornar o pensamento filosófico acessível aos não especialistas.

Rizzo traz um relato pessoal, no qual diz aplicar seus conhecimentos sobre artes audiovisuais em desafios tipicamente de gestão. De maneira séria e emocionante, filmes são, por exemplo, um recurso didático riquíssimo para desenvolver capacidade crítica, reflexiva, estética e até mesmo filosófica sobre temas atuais. Ressalta a imaginação no processo da inovação, e como as humanidades e as artes têm papel fundamental no “treino” da imaginação. Parafraseando Paulo Freire, conclui: “Arte não transforma o mundo. Arte muda as pessoas, as pessoas transformam o mundo”.

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E com ampla visão e experiência, Goldfarb interliga todos esses aspectos com a ciência e a tecnologia. E ilustra tudo com situações vividas em alguns dos projetos que coordenou: Rio, uma cidade de leitores, Cine Ciência-MIS, São Paulo um Estado de Leitores, Letras de Luz, dentre outros.

A importância do lifelong learning tão exaltado na pandemia da covid-19 não é assunto novo. “Desenvolver em todas as pessoas a capacidade de aprender permanentemente”, já dizia Paulo Renato Souza nos bons tempos em que foi Ministro da Educação, de 1995 a 2002. E a tecnologia? Sempre bem-vinda, claro! Mas ela é meio para transmitir, divulgar, aproximar, interagir e criar. Jamais um fim em si mesma.

É fundamental que Humanidades e Artes deixem de ser recreação e passem a ser o objetivo na formação de líderes de sucesso. E não aprendemos apenas nas escolas. Aprendemos pelos relacionamentos, pelos diálogos e pelas ricas experiências e vivências ao longo de nossas vidas. As artes mexem com as nossas emoções, por isso alavancam nosso aprendizado e ampliam nosso repertório cultural. E a filosofia ajuda no questionamento e na compreensão do pensamento da Humanidade e de tudo que existe no universo.

“Uma pintura que não fala ao coração não é arte, porque só ele a entende” disse Cândido Portinari numa palestra em Buenos Aires, em 1947.

Se aprendemos pelas emoções, com aprendizagem nas organizações seria diferente?

*Marisa Eboli é doutora em Administração pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP e Especialista em Educação Corporativa. É Professora de Graduação e do Mestrado Profissional na FIA Business School. Contato: meboli@usp.br

 
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