Por Míriam Leitão
04/01/2022 • 14:31
André Coelho
O governo criou a própria crise ao conceder reajuste somente para os policiais federais. Agora a elite do funcionalismo ameaça greve e está entregando cargos em comissão. Os servidores estão sem aumento desde o governo Temer, mas com a pandemia não tiveram redução nominal de salários como os empregados dos setor privado
O governo sempre encontrou uma forma de beneficiar os setores que o presidente quer. No caso dos militares, o benefício veio na reforma da previdência. O soldo não é reajustado, mas com a reestruturação da carreira recebem acréscimos.
Pressão: Após reajuste de policiais, elite do funcionalismo cobra aumentos
Agora o presidente se mobilizou para que haja o reajuste da Polícia Federal, que não resolve o grande problema da corporação, que é a intervenção em determinados assuntos de forma grosseira. Trocando delegados e fazendo perseguição a quem investiga assuntos que envolvam o presidente e seus familiares.
O cala-boca veio através do aumento de salário. Mas provocou a reação de outras áreas, até porque Bolsonaro havia falado antes em reajuste para todo o funcionalismo. Houve entrega de cargos em comissão da Receita Federal, e o movimento se espalhou para o Banco Central. A elite do funcionalismo está em pé de guerra porque o presidente fez uma escolha e detonou um processo de contágio.
O presidente está em ano eleitoral e não demonstrou nenhuma aderência à pauta de controle de gastos públicos. Para os preferidos, não há lei. Então, o presidente vai acabar tendo que ceder, dando pelo menos algum tipo de ajuste. As categorias mais fortes e organizadas vão conseguir se importar, as mais fracas não terão vez.