Presidente da Câmara diz que a proposta precisa ser “amadurecida”
Por Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro — De Brasília
Lira: sem certeza de que tem votos suficientes para aprovação, presidente da Câmara freia tramitação da proposta
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou ontem que a análise da reforma administrativa não começará hoje para que a proposta seja “amadurecida” com os partidos. A avaliação é compartilhada por lideranças partidárias, que apontam que o texto precisa vencer resistências para chegar aos votos necessários para ser aprovado em dois turnos pela Casa.
O parecer do deputado Arthur Maia (DEM-BA) foi aprovado por comissão especial na quinta-feira. Pelo regimento, a proposta de emenda constitucional (PEC) poderia entrar na pauta após duas sessões de plenário - prazo que permitiria a votação a partir de hoje. “Vamos amadurecer nas lideranças [antes da votação]”, disse Lira ao Valor. Líderes avaliam que a reforma deve ficar “em banho maria” e só deve ser apreciada quando o tema estiver amadurecido. A leitura é que os entusiastas do projeto ainda precisam conquistar votos para assegurar a aprovação da proposta de emenda em dois turnos.
“Eu acho que a reforma não está madura para ir ao plenário. Tem que amadurecer e só depois desse processo o tema deve ser analisado”, disse o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB). Contrária ao avanço do projeto, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) afirmou que servidores públicos vão intensificar uma nova mobilização para evitar o avanço do que classificou “como pior texto dos últimos tempos”. Nos bastidores, líderes partidários interpretam que Lira “só aceitou puxar o freio” em relação à PEC por saber “que ainda não há votos suficientes para que o texto seja aprovado”.
“Estamos certos de que a reforma ficará em banho maria até que um número seguro seja alcançado. Há o risco de isso não acontecer e o texto acabar na geladeira”, alertou uma liderança de centro em caráter reservado. Desde semana passada, parte dos líderes defendia que a votação ocorresse o quanto antes, enquanto outros alertavam que era preciso sondar direito as bancadas para medir o número de votos em cada partido e garantir uma margem de segurança para a aprovação. As incertezas sobre a aprovação do projeto são sustentadas pela dança das cadeiras feita na comissão especial para que o texto avançasse. No colegiado, o assunto enfrentou dificuldades em partidos governistas, com a necessidade de troca dos integrantes. Parlamentares do PL, DEM, PSDB e Republicanos acabaram substituídos. O Novo, com apenas oito deputados na Câmara, ficou com sete representantes na comissão. No plenário, será necessário um apoio ainda maior, de 308 dos 513.