Deputados aliados ao governo buscam evitar que pauta fique parada como foi o caso da privatização dos Correios e da minirreforma trabalhista
Por Raphael Di Cunto, Valor
Deputados governistas querem que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), negocie com o Senado previamente a votação da reforma administrativa no plenário. Querem um compromisso de que o projeto será votado pelos senadores e não ficará parado, como ocorreu com a privatização dos Correios ou a minirreforma trabalhista (rejeitada pelos senadores). “O que está pegando agora é a disposição do Senado em votar a PEC [proposta de emenda constitucional]. Sabemos que vai ter desgaste com os servidores essa votação e topamos esse desgaste, mas não faz sentido isso se for para ficar parado lá”, disse o líder de um partido governista. “Hoje claramente tem uma disparidade da agenda da Câmara e do Senado.”
Os deputados governistas se queixam de que projetos como a Lei Geral de Licenciamento Ambiental, mudanças nas regras de regularização fundiária, a “BR do Mar”, reforma do Imposto de Renda e a privatização dos Correios foram votados pela Câmara, mas “pararam” no Senado.
As pautas todas são de interesse do governo Bolsonaro, que tem poucos senadores na sua base de apoio. A Câmara deve votar a reforma administrativa na comissão especial entre quarta-feira (15) e quinta-feira (16). A intenção de Lira é pautar a PEC no plenário na semana seguinte, mas parte dos líderes governistas quer que ele tenha essa conversa antes para avaliar o “clima” no Senado. O relator da reforma, deputado Arthur Maia (DEM-BA), já iniciou gestões junto aos senadores para diminuir essas resistências. Ligou para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e pediu que ele organizasse uma reunião com os senadores mais relevantes sobre o tema para opinarem, de modo a permitir ajustes no texto antes de votado na comissão.