Benefício continuará a ser pago até outubro, em meio a forte queda da popularidade do governo nas pesquisas e manifestações crescentes pelo impeachment.
por Cezar Xavier
O presidente Jair Bolsonaro assinou nesta segunda-feira (5) o decreto que prorroga por três meses o pagamento do auxílio emergencial à população de baixa renda afetada pela pandemia da covid-19. Com isso, o benefício, que terminaria agora em julho, será estendido até outubro. De acordo com a Secretaria-Geral da Presidência da República, o ato será publicado na edição de amanhã (6) do Diário Oficial da União (DOU).
A medida é confirmada no mesmo dia que mais uma pesquisa de opinião foi divulgada com queda de popularidade do governo. Conforme a nova rodada da pesquisa CNT/MDA, divulgada nesta segunda-feira (5), a rejeição ao desempenho pessoal do presidente alcançou o patamar recorde de 62,5% dos brasileiros. Em fevereiro, essa desaprovação era de 51,4%.
As manifestações que levaram cerca de 800 mil pessoas às ruas, em todo o país, neste sábado (3), também tinham como demanda o auxílio emergencial. Embora tenha desdenhado das manifestações, que têm sido crescentes, Bolsonaro sente o peso do clima que elas criam no país.
O discurso do ministro da Economia mudou de tom, conforme falou abertamente contra o auxílio, contra o aumento do valor e contra a prorrogação. Sempre justificando a necessidade do ajuste fiscal e a manutenção do teto de gastos. Chegou a falar em alimentar famintos com restos da classe média, diante da inflação dos alimentos e da fome que cresce entre os mais vulneráveis.
Em outubro, o governo espera que toda a população adulta esteja vacinada contra a Covid com, pelo menos, uma dose, o que permitiria o “retorno seguro ao trabalho”, nas palavras do ministro da Economia, Paulo Guedes. O plano do governo é encerrar o auxílio emergencial em outubro e “turbinar” o programa Bolsa Família.
“O ministro [da Saúde] Queiroga prevê que em mais uns três meses o Brasil tenha um controle epidemiológico. O auxílio emergencial vai até lá, e aí aterrissamos no Bolsa Família, que o presidente também já determinou que tem que ter um valor substancial para proteger a população mais frágil”, acrescentou Guedes.
João Roma, ministro da Cidadania, também declarou que já em novembro “entraremos com um novo programa social do governo, fortalecido e ampliado, para que os brasileiros possam também avançar cada vez mais não só com o suporte do Estado brasileiro para essa situação de vulnerabilidade, mas que ele possa vencer e avançar na sua situação e na sua qualidade de vida”.
O auxílio emergencial 2021 está mais restrito que o do ano passado, tanto pelo valor, quanto pela quantidade de beneficiados. São beneficiadas 45,6 milhões de pessoas, 22,6 milhões a menos do que no auxílio emergencial de R$ 600, pago em meados do ano passado para 68,2 milhões. Quem não faz parte dos cadastros do ano passado, não tem chance de receber o benefício, pois não há como fazer novos pedidos.