DECISÃO FINAL SOBRE PARALISAÇÃO SÓ SAIRÁ EM 30 DE MAIO.
Trabalhadores querem que terceira parcela do reajuste acordado em 2012 seja antecipada de 2015 para este ano. Algumas categorias já cruzaram os bracos, mas governo está irredutível
ANTONIOTEMÓTEO
Os servidores públicos federais ameaçam deflagrar uma greve geral a partir de 10 junho, dois dias antes da abertura da Copa do Mundo. Essa foi uma maneira encontrada para forçar o governo a negociar depois de reiteradas negativas. Para eles, vale a tática de ameaçar com transtornos durante o evento ? e em pleno ano eleitoral?para obter reajustes salariais, além dos já acordados. Com esse propósito, a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) aprovou ontem um indicativo de paralisação por tempo indeterminado. A decisão final sobre o movimento ocorrerá em uma nova assembleia marcada para o próximo dia 30.
O secretário-geral da Condsef, Sérgio Ronaldo da Silva, explicou que os servidores querem que a terceira parcela do reajuste de 5%, prevista para janeiro de 2015, seja antecipada para este ano. Em 2012,
governo e funcionários acordaram aumento de 15%, dividido em três anos, a partir de 2013. Caso a antecipação seja aceita, abre-se uma brecha para que os servidores negociem com o Executivo uma nova elevação de salários no ano que vem.
Além da questão salarial, o movimento reivindica aumento de benefícios para diversas categorias, como auxílio-alimenta-ção, e o cumprimento de acordos assinados em 2012, como, por exemplo, o que previa a criação de adicionais de fronteira. Silva explicou que os servidores também querem a regulamentação da convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que possibilita a negociação coletiva para todos os trabalhadores.
Participaram do debate sobre a paralisação, 197 delegados de 22 estados. Na reunião ficou definido que os trabalhadores seriam consultados até 30 de maio para decidir sobre a greve geral. "Este governo não nos dá outra alternativa a não ser entrar em greve para sentar e negociar. Nem os acordos assinados em 2012 são cumpridos integralmente", completou o secretário-geral da Condsef.
Caso a paralisação nacional do funcionalismo ocorra, os efeitos para o cidadão serão sentidos durante a Copa do Mundo. Nos aeroportos, nos portos e nas rodovias, policiais federais e auditores da Receita Federal, por exemplo, deixarão de controlar o acesso de turistas estrangeiros e de bagagens. Além disso, museus, monumentos históricos e outros pontos turísticos poderão ficar fechados, sem a presença de servidores do Ministério da Cultura. Esses últimos já decidiram: cruzam os braços, por tempo indeterminado, a partir da próxima segunda-feira.
Impacto fiscal
Os funcionários de universidades federais, representados pela Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas (Fasubra), estão parados. E o risco de novas paralisações, em outras áreas, está no radar do Palácio do Planalto e preocupa técnicos do governo. No Ministério da Cultura, depois da definição de greve, as autoridades resolveram ouvir as reivindicações e, com a categoria, estudar possibilidades de encaminhamento.
O Ministério do Planejamento, por sua vez, adotou uma postura mais dura e tem evitado debater com os servidores propostas de reajuste salarial a partir