Os altos custos de uma campanha desequilibram a disputa e tornam mais difícil o sonho de muitos cidadãos se tornarem um representante do povo. Um exemplo na atual legislatura envolve o petista Chico Leite e o petebista Cristiano Araújo. Leite informou ter investido cerca de R$ 310 mil e obteve 36.806 votos (leia quadro). Araújo injetou cerca de R$ 900 mil, que lhe renderam 17.047 votos.
O petista reconhece que o atual sistema de financiamento desequilibra a concorrência. "Dá margem para que o poder econômico prevaleça sobre os ideais. É por isso que eu defendo o financiamento público de campanha. E, quando a mudança for aprovada, acho que teremos que tornar ilícito qualquer recurso privado", defende Chico Leite. Cristiano Araújo não atendeu a ligação do Correio até o fechamento da edição.
Um dos presidentes de partido ouvidos pela reportagem estima que, este ano, quem quiser ser eleito terá que desembolsar R$ 500 mil, no mínimo. O convite para disputar um assento na Câmara Legislativa foi uma surpresa para o servidor público Felipe Teixeira Ribeiro, 34 anos. E o gasto com a campanha é uma preocupação. "Essa foi uma das primeiras perguntas que fiz. O deputado que apresentou o convite para eu concorrer disse que seria necessário algo em torno de R$ 30 mil para fazer uma campanha limpa, sem fechar pré-acordos", conta. Para Felipe, o mais difícil é concorrer com quem já tem mandato e conta com a máquina. Para driblar a falta de dinheiro, o servidor público planeja mobilizar amigos e promover jantares de adesão.
Para o presidente regional do PCdoB, Augusto Madeira, a concorrência de igual para igual só vai acontecer se for aprovado o financiamento público. "O sistema atual torna a eleição quase censitária. É eleito quem tem mais dinheiro. É corrida financeira de quem gasta mais", diz.
Quanto mais desconhecida é a pessoa, maior o gasto, segundo Lucas Kontoyanis, presidente regional do PHS. "Acredito que, este ano, as redes sociais vão representar 40% de uma campanha. Isso aliviará um pouco os custos", afirma. (AB)